quarta-feira, 22 de junho de 2011

ELEGIA

De repente,
O fim.

Irrompera-se-lhe   sob a face magra
Dores que não pudera querer
“por que, meu Deus, por quê?”,
gritava o miserável,
a tristeza se lhe havia tomado
o desejo de viver.
“Por que, meu Deus, por quê?”
Maldita melancolia!
Dor num’alma fria,
Lápide de mármore, gelada
...a pele enrijece – sente o frio.
A noite é fria.
Os corpos mortos são frios.
A tez dos ossos é fria.
E na frieza daquela noite
suas pálpebras desciam...
já banhadas de sangue, há tempo.
Pobre miserável sentia
A lenta agonia tomar-lhe
A’lma vazia: repleta duma chama
que já não sentia.
 Tudo ali geava – noite estava alta
– neve em pradarias...
Que dizer?
“Por que, meu Deus, por quê?”
Dura pergunta vazia cuja
Resposta jamais saberá;
E’nquanto isso sentia
Definhar-se seu peito...
Lenta agonia de quem morre
Pouco a pouco. Agoniza.
O sangue lhe encharca os pulmões
a respiração lhe era difícil.
Descera-lhe a bile negra.
Tudo estava ficando calmo...
O copo caíra-lhe das mãos,
Quebra-se no chão vazio, agora repleto de vidros,
Que seus pés pisavam,
O veneno borbulhava-se dentro dele...
O sangue s’escorria pelos olhos, boca, nariz;
A morte chegava
e ele sentia que a dor já se ia,
sentia-se anestesiado como quem dorme...

De repente,
o fim
[imperceptivelmente].

Mario Filipe dos Santos, Junho de 2011.
Ao som da Canzonetta (Andante) de  Tchaikovsky...

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Caro autor, confesso que seus poemas s]ao extraordinarios, incomparaveis.[e como se vc sentisse o personagem o que [e muito dificil para alguem que nunca se deparou com a morte.
    Confesso que alem de te amar, amo o que vc escreve...ass>catarina.

    ResponderExcluir